Como comentei no post
anterior, resolvemos fazer a fronteira da Bolívia para o Chile pelo Passo Tambo
Queimado/Chungará. Pela primeira vez, antes de fazer a Aduana utilizei o
restava de dinheiro para compra de combustível do nosso carro. Dali fomos a Aduana
para fazer os trâmites de saída (exportação/importação do veiculo), e para
nossa surpresa precisávamos pagar um pedágio de saída da Bolívia, referente ao
ultimo tramo da estrada. E agora, sem dinheiro do país, somente dólar e ninguém
aceitava fazer uma troca. E como sempre, temos pessoas de boa índole, e neste
caso foi um motorista de caminhão que me deu o dinheiro para o pagamento do
pedágio. Fiquei muito contente e feliz que dei em dólar até o valor a mais.
Tudo resolvido, e agora tínhamos que percorrer uns 10 km até a Aduana Chilena.
Mas com um visual impressionante, digno de cartão postal, circulando pelo Lago
Chungará e as belas montanhas cobertas de neve.
Estávamos muito apreensivos
de que o nosso carro iria ser revistado totalmente. Só de imaginar de tirar as
coisas de dentro dava até arrepio. Fomos muito bem recebidos, não tínhamos
pressa e explicamos toda a nossa expedição para os guardas e o pessoal da
vigilância sanitária. Preenchemos primeiramente os documentos da vigilância
sanitária, e como já sabíamos dos trâmites não tínhamos produtos não
permitidos. Deram uma olhada por cima e mandaram fazer os trâmites da
imigração. Depois seguimos para Aduana para fazer a Importação Temporária do
nosso carro. E estranhamente não sabiam como fazer. Mostrei de todos os países
em que passei as notas de Importação Temporária e Exportação. Dali de posse dos
documentos o encarregado foi conversar com o Chefe, e depois veio com os
documentos preenchidos e mais um documento com o carimbo que deveríamos
entregar para os Carabineiros. Aguardamos na fila, pois estava fechado o Passo,
a chegada dos Carabineiros que demoraram quase uma hora. Neste momento é bom
para trocar uma ideia com os outros motoristas de caminhões que também estava
aguardando. Preencheram os dados num livro e depois fomos liberados e seguimos
o lago e as montanhas. O clima estava bastante frio.
Seguimos descendo um belo
vale de montanhas, pedras e areias até chegarmos à cidade de Arica, no litoral
chileno. Arica é uma cidade simpática e aconchegante. Nesta cidade há dois
projetos do Engenheiro Eiffel, construtor da tão famosa torre de Paris. Os
projetos da Aduana e hoje Casa da Cultura, e da igreja. Como característica a
construção em ferro, pois não faltava nesta época. Como o Engenheiro estava com
problemas na construção da torre de Paris, não veio para Arica para a
construção e inauguração de sua obra em território chileno. E por isso teve um
protesto silencioso em sua obra: um azulejo com desenho diferente da sequência.
Em Arica, conhecemos o Valle de Zapa, região que produzem azeitonas. Soubemos
ao visitar o museu que o Brasil importava em torno de 49% das azeitonas
produzida no vale. Interessante e muito colorida foi à apresentação do carnaval
dos Índios Aymarás.
Agora na Rodovia Pan-americana,
é só a praia de um lado, o asfalto negro no meio e o deserto no lado e muitas
vezes somente o asfalto e o deserto. Este trecho é muito cansativo, e também
desgastante para o carro em função da temperatura. Muitos trafegam a noite por
ter a temperatura mais amena. No Chile começa a ter muitos campings e
organizados. Aqui voltamos a acampar. Visitamos Iquique, Antofogasta, Chañaral,
La Serena, a linda praia de Baia Inglesa com suas aguas azul turquesa,
Santiago. Abaixo de Santiago, começa mudar o relevo, pois voltamos a ter
contato com o verde. Não tinha essa noção. Como faz falta, o verde das arvores,
campos e como isso nos acalma. Em Manzarna, acampamos dentro de uma região com
muitos araucárias, com rios de águas límpidas e gélidas. Próximo ao camping,
seguimos uma trilha de 3,5 km até a Cascata Princesa. Quando estávamos
descansando os nossos pés em suas aguas geladas, chegou uma camionete com uma
família, com muitas crianças. Quando elas estavam brincando, uma pequena pedra
se rompeu e caiu na cabeça de uma criança e fez um pequeno corte, e com isso
frutou toda família que foi se embora. E nós voltamos a ficar neste lugar nos
deliciando com toda a sua natureza. Voltamos novamente a pé até o camping e não
pude resistir à cervejinha gelada que nos esperava. Como falei anteriormente,
daqui em diante muda a vegetação, relevo, etc.
O dia começou com uma grande
névoa, parecia uma garoa fina. Dava-nos a impressão, olhando os pinheiros
araucárias um clima de inverno. Impressionante como a temperatura caiu de 37ºC
para 11ºC em poucas horas. Tivemos que pegar roupas quentes na mala. Dali
seguimos em direção ao Vulcão Lonquimay, situado a 2.890 (msnm). A estrada era
de rípio, mas considero boa e seguimos cortando a Reserva Nacional Lago
Gualletue e Reserva Nacional China Muerta até a cidadezinha de Icalma, onde tem
diversos campings no lago do mesmo nome. Ficamos alguns dias neste camping.
Fizemos muitas amizades com os chilenos acampados. Uma dessas famílias me
convidaram para jogar futebol. E com muita gozação me colocaram no time das
mulheres. Tinha até vozinha jogando no meu time. O jogo começou e fizeram
rapidinho quatro gols. Observei o meu time e organizei a forma de jogar.
Ganhamos de 11 X 4. Os homens da família perderam o jogo para suas mulheres e
para o brasileiro. Foram dias muito divertidos e é lógico nem quiseram mais
jogar futebol. À noite as luzes são acesas a partir das 09:00PM, dai todos
fazem fogueiras nas churrasqueiras de chão, porque o frio chega junto com a
noite, dando efeito muito bacana.
Despedimos-nos de todos e
seguimos o nosso caminho até a Lago Conguillio. Neste percurso passamos por
lugares incríveis. O primeiro foi à cascata de aguas azuis de nome
Truful-truful, com seu rio sinuoso entre bosques e araucárias. Continuando na
estrada, passamos uma ponte do mesmo nome do rio da cascata, há uma entrada a
direita para o Lago Conguillio. Alguns km percorridos chegamos a Lagoa Verde
situado no meio de restos de erupções vulcânicas. Neste lugar fizemos um lanche
e seguimos a estrada estreita, sinuosa, esburacada pelo Parque Nacional
Conguillio. A paisagem vai mudando aos poucos e ficando mais fechada. De
repente, abre-se uma clareira com uma vista espetacular, mostrando a Laguna
Arco-íris, com suas águas azuis e transparente. Descemos do carro, pegamos uma
pequena trilha, onde pudemos apreciar a vista da lagoa, mostrando o seu fundo,
contendo restos de arvores tombadas há algum tempo. Diante de tanta beleza,
ficamos mais contemplativos e realmente nos trouxe uma certa paz. Neste lago,
ficamos no camping Los Carpinteiros dividindo o sitio com outro casal de
Santiago. O camping estava completamente
cheio. Também num lugar desse!
Continuando a nossa viagem,
fomos para a cidade de Vila Rica, muito simpática e com uma bela vista para o
lago. Depois fomos para a cidade de Pucón para subir o vulcão Vila Rica.
Contratamos uma empresa de turismo para subirmos, pois temos que ter uma roupa
especial e só sobe com guia. Foram 4 horas de caminhada, subindo em ziguezagues
cominhos de neve e próximo ao vulcão com pedras. De vez em quando temos que nos
agachar junto à montanha, pois há pedras que vem caindo montanha abaixo, na
nossa direção. É muito cansativo, e na agência o brasileiro tem a fama de não
conseguir subir, mas nós subimos. Acima, muito próximo à boca do vulcão, vê-se
as lavas explodindo para cima, na tonalidade vermelha, com cheiro de enxofre,
mostrando que a montanha continua viva e a qualquer momento pode ter forte
erupção. Imagina nossa emoção em conseguir subir, realizando um sonho de muitos
anos, a noite no camping foi de muita comemoração.
Passamos em Temuco, onde
compramos peixe no mercado municipal e circulamos alguns dias pela cidade.
Depois, seguimos a Lican Ray e pernoitamos num camping diferente e espetacular.
Era o Camping Floresta, único com banheiro privativo e duchas e torneiras de
agua quente, no seu sítio. Era muito legal. Esta região tem muitos lagos e
circulamos muito por ela e acampamos sempre em volta do lago.
Aqui vamos abrir um pequeno
espaço, pois vamos entrar na Argentina e seguir para Bariloche para encontrar
com os amigos que vieram do Brasil, Álvaro, Izolete, Sueli e Lalinho. Depois
iremos para Puerto Montt no Chile para fazer um passeio de navio pela Laguna
San Rafael de 5 dias. A Villa Angustura e Bariloche com o Lago Nahuel Hualpi
são muito lindas e aconchegante.
Embarcamos no navio, e foram
dias de chuvas cruzando a Laguna San Rafael até chegarmos ao Vetisqueiro. Ali
descem os botes para chegar mais perto da geleira. A empresa do navio leva os Whisky
para ser bebidos com o gelo da geleira. Com chuva, fica ainda mais emocionante
e muito frio. O Whisky desce muito bem.
O navio retornou a Puerto
Montt e pegamos os carros e seguimos para com destino Frutillar, mas no caminho
passamos a noite no Lago Llanquihue e depois fomos visitar o Vulcão Osorno. O
lugar é muito legal, com restaurantes e teleférico com vista para o lago. Este
lugar é muito visitado pelos brasileiros. A cidade de Frutillar foi colonizada
pelos alemães no começo do século passado, tudo isso mostrado no museu as dificuldades
que tiveram para colonizar a região. Muito interessante também o passeio.
Pegamos o transbordador em
Hornopirén para a Caleta Gonzalo e seguimos pela Carreteira Austral, Nr. 7 no
Chile. Dormimos na cidade de Chaiten, depois rumamos para Puyuhuapi, acampando
no Camping Ventisqueiro no Parque Nacional Queulat.
Seguindo o nosso trajeto
fomos para Coihaique, onde o termômetro marcava a temperatura de -3ºC. Lugar
muito tranquilo e a saída da cidade nos proporciona uma vista das montanhas
cobertas de gelo. Continuamos na Carreteira Austral, com muito rípio, mais a
paisagem continua linda. Pegamos um transbordador para atravessar um rio, sem
custo e seguimos para a cidade de Cochrane. Mais adiante pegamos outro
transbordador de Puerto Yungay para Puerto Bravo e mais 100km chega-se a Vila
O’Higgins, cidade de 400 habitantes, contendo um aeroporto e é nosso destino.
Este é o último ponto da Carreteira Austral. No camping, fomos convidados para
um jantar e comer uma iguaria. Carne de cavalo. O pessoal é muito simples, e
estavam fazendo um prato muito especial. Como dizer NÃO. Bem, chega-se a noite,
tudo impecável, e começa a servir o jantar. Foi muito cômico. Depois do jantar,
começam a mostrar o álbum de família, e algumas fotos dos animais inclusive os
cavalos. Fiquei pensando qual deles estávamos comendo. Ao chegarmos à barraca
podemos dar boas risadas com as cenas. O PESSOAL É SIMPLES E DE UM CORAÇÃO
ENORME, COM BELA RECEPÇAO POR SERMOS BRASILEIROS.
Outra cidade que não pode
deixar de passar é Caleta Tortel, não tem carros circulando, ou melhor, não tem
ruas, os carros ficam num grande estacionamento no alto da montanha e desce
escadas de madeira para o Oceano Pacifico e toda a circulação de pedestre é
feita em cima de deck.
No dia seguinte, retornamos
para Cochrane, Vila Chacabuco para passar pelo Passo Roballos até a Ruta 40 na
Argentina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário