27 - Diário do dia 12 a 26.11.2017
Bem, foram 3 dias de descanso e passeios por Guayaquil. Hoje subimos o
Serro de Sant’Ana, muito legal a vista da cidade. Acima tem uma capela e um
farol. Tudo muito seguro. São 444 degraus até em cima do serro. O lugar é cheio
de vigilância. Portanto, muito seguro. No bairro de Sant’Ana tem vários museus
e é reduto de muitos artistas. Até esse momento tivemos sorte na questão do
clima. Está bem agradável circular pela cidade. Utilizamos muito os taxis para
ir de um ponto para outro. Hoje também aproveitei o dia para trocar lâmpada do
farol da baixa que tinha queimado e também do farolete do “Bisão”. Eu tinha
trazido uma de cada para reposição, mas já havia trocado uma no Canadá. Comprei
outra ontem. Impressionante como é a tecnologia, pois tudo é por hora de
utilização. Quando uma lâmpada queima, pode esperar que logo a outra irá
queimar. Amanhã seguiremos em direção a Huaquillas na fronteira com o Peru.
Acordamos no horário normal e nos preparamos para pegar a estrada. A
saída de Guayaquil foi um pouco mais demorada em função do trânsito local.
Saímos pela Rod.E40 até a cidade de Virgem de Fátima. Dali pegamos a Rod. E25
mais conhecida pelo nome de Troncal de La Costa e fomos até a cidade de
Arenillas. Desta cidade em diante seguimos pela Rod. E50 até a entrada da
cidade Huaquillas, pois dali entra para rodovia da fronteira. Muito atenção neste
ponto, pois por sorte perguntei antes para um guarda que primeiro tem que dar
baixa na aduana (entende-se veículo- dar baixa na Importação Temporária do
veículo) que fica deste lado, a imigração se faz junto a alguns kms mais
adiante na fronteira do Peru. Não tem nenhum aviso sobre isto. Um americano
teve que voltar para dar a baixa do MH. Os dois atendimentos na fronteira foram
muito cordiais e o chefe da Aduana do Peru George, morou no Brasil no Acre por
alguns anos e estava com vontade de falar português e nos atendeu super bem.
Fizemos o seguro dentro da aduana, onde tinha um boxe para este fim.
Encontramos 3 brasileiros que estão prestando algum serviço ou estágio na
Receita Federal do Peru na Aduana.
Entramos no Peru pela PE-1N (Panamericana Norte) e paramos para passar
a noite numa estação de pedágio depois da cidade de Talara. Interessante saber
de quem vem do Norte até a capital Lima não paga pedágio, somente depois da
capital se for para o sul. E quem vem do Sul até a capital não paga pedágio e
começa a pagar depois da capital se for para norte ou fronteira do Equador.
Esta manhã a viagem não rendeu quase nada. Isto porque até a cidade de
Sullana a pista estava péssima, com muitos buracos e em alguma parte não tinha
nem asfalto. Chegamos em Sullana perto das 10:30 horas da manhã. Quando fomos no
início do ano, passamos a noite no estacionamento do Supermercado Plaza Vea.
Hoje, fizemos nossas compras, almoçamos e fiz cambio no banco, anexo ao
mercado. Depois, continuamos pela Panamericana PE-1N e deste pedaço em diante a
pista melhorou e em alguns trechos foi pista dupla. Próximo do anoitecer,
chegamos na cidade de Paiján e dormimos na mesma estação de serviço da PECSA
que dormimos na ida no início do ano(Isto foi coincidência, pois não tínhamos
planejado). Interessante, observar que quando passamos em fevereiro o calor era
insuportável. Nesses dias a temperatura chega por volta de 28ºC e a noite em
torno de 19ºC. Muito bom para dormir e sem a necessidade do ar condicionado.
De manhã depois de tomarmos o nosso já tradicional café da manhã,
reabastecemos o “Bisão” de água e também de combustível. Aqui no Peru o
combustível é o B5(Biodiesel) ou mais conhecido no Brasil por S50. O dia foi
muito tranquilo, temperatura agradável e pudemos reparar novamente a força do
povo em plantar diversas culturas no deserto. No caminho, um carro buzinou e
pediu para estacionar que queria falar conosco, é claro que percebemos que era
um brasileiro. Este brasileiro, carioca, de nome Jairo, está há muitos anos no
Peru, trabalhando com perfuração de poços de agua para a indústria de cana. O
papo foi muito bacana, pois ele estava com saudades de falar em português e
também saudades do Brasil que ele acompanha muito pela TV e mídias sociais as
dificuldades e a também a violência na sua cidade natal. Explicou que seu filho
foi visitar parentes na Tijuca(Rio de Janeiro) e está morrendo de preocupações,
pois o filho comenta que tem tido muitos tiroteios na favela próxima. Foi muito
legal o Jairo e deixou seu fone para que se precisássemos de algo, estaria a
disposição em Lima. Agradecemos e seguimos viagem e dormimos numa estação de
serviço da Repsol em Chancay.
Nesta noite pude ver a seleção do Peru jogar contra a Nova Zelândia e
se classificar na repescagem para a Copa na Rússia. Foram 38 anos de espera
para ir a uma copa do mundo. Fizeram uma grande festa e antes do jogo estavam
todos os funcionários nas empresas, supermercados, enfim com a bandeira e
camisa da seleção.
Já de manhã, por volta das 07:30 horas pegamos a estrada Panamericana
PE – 1N com destino a Lima, capital do Peru. Contornamos Lima pela Variante e
seguimos até a cidade de Nazca, onde dormimos numa estação de serviço da
PetroPeru. Lembramos quando passamos por aqui no início do ano do cheviche que
comi e passei mal por uns dias.
No ano de 2004, fizemos o passeio de avião para ver as Linhas de
Nazca. Já fizemos de tudo por aqui, mas acredito quem melhor fez e mostrou as
linhas foi uma reportagem feita pelo Fantástico da rede Globo.
Como estamos indo para o Brasil, os dias tem sido de pegar a estrada
diariamente. Assim, continuamos pela mesma Panamericana PE-1S passando por
muito deserto, e também muitas áreas irrigáveis e assim vão produzindo muitas
frutas. Tocamos até a entrada para a cidade de Arequipa e ali dormimos numa estação de
serviço. Foi muito tranquilo e com uma temperatura bem amena. Diferente também de
quando passamos por aqui no início do ano.
Levantamos de manhã, por volta das 06:00 horas e arrumamos as coisas,
tomamos o nosso café e reabastecemos o “Bisão” de diesel B5=S50 e continuamos
pela mesma rodovia até a fronteira em Tacna. Fizemos todos os tramites, pessoal
muito atencioso e seguimos até a cidade de Arica no Chile pela rodovia
Panamericana aqui chamada de Rod. Nr. 5 e dormimos numa estação de serviço da
Copec bem na saída para a cidade de Iquique.
Hoje é domingo, dia de eleição no Chile, muito dos comércios estão
fechados. Fomos ao mercado Líder em Iquique, fizemos algumas compras e seguimos
pela Panamericana nr.5 até a divisa da Região I para Região II em Quillagua,
onde estacionamos para passar a noite. Estes dias estão sendo um pouco
monótonos, pois atravessamos somente deserto. Em alguns momentos, se avista
algum oásis, mais em sua maioria é só deserto, onde a rodovia vai num sobe e
desce e serpenteando as montanhas com o mar do Oceano Pacífico ao lado.
Bem, no dia seguinte, segunda feira, continuamos pela rodovia
Panamericana nr.5 até o cruzamento na cidade de Maria Elena, pegamos a Ruta
CH-24 passando por Chuquicamata e depois para a cidade de Calama. Depois
seguimos pela Ruta CH-23 para a cidade de San Pedro de Atacama. Ali fizemos o
nosso almoço, e no final da tarde resolvemos subir as montanhas pela Ruta CH-27
em direção ao Paso Jama. A subida é incrível, chega-se a 4.700 msnm. A falta de
oxigênio é sentida pelo nosso corpo e também pelo “Bisão”. Assim fomos mantendo
o olho na temperatura e no giro do motor. O visual do Paso Jama é lindíssimo e
único. Já subimos altura semelhante e não sentimos tanto a altitude e segundo a
explicação do médico na fronteira é que aqui não tem árvores, por isso se sente
tanto falta de ar. Faz sentido!
Continuamos descendo o Paso até a cidade de Susque, para passar a noite, pois
abaixa a altitude em praticamente 1.000 metros, assim passamos a noite acima
dos 3.600 msnm. Estava também fria a noite, em torno de 1ºC. Do Paso Jama,
seguimos pela Ruta RN-52 da Argentina até a cidade de Purmamarca. Dali em
diante, entramos pela Ruta RN-9 até a cidade de Salta. Aqui vamos permanecer
por uns dois dias para descansar e também fazer o seguro Carta Verde.
Foi um parto para fazer esse seguro aqui em Salta. Depois de correr
por várias seguradoras consegui na SAS Seguros, mas tinha somente seguro para 4
meses incluindo outros países do Mercosul. Mas o custo era um pouco alto. Bem,
pelo menos era uma alternativa. E sair de Salta sem seguro, no mínimo era
problema anunciado nas barreiras policiais. Como quando entrei na Argentina
tinha feito da Paraná Seguros, fui atrás dessa seguradora em Salta. Por sorte
tinha uma sucursal. Mas se não tivesse levado a cópia do seguro anterior,
também não conseguiria fazer. Demorou, mas consegui e o prazo de 30 dias que me
interessava por um custo menos de 1/3 do valor da outra seguradora. Sempre que
venho para a Argentina, faço o seguro na fronteira, pois o custo é bem mais
barato do que no Brasil. Tudo resolvido, voltei para o Camping Carlos Xamena
para descansar, pois no dia seguinte teremos estrada novamente.
Levantamos cedo e pegamos a RN9 até Torzalito e dali seguimos pela RN
34 até ao entroncamento com a RN16. Esta é aquela com intermináveis retas. Ela
é uma rodovia que considero boa até a cidade de Taco Pozo. Dali em diante, até
a cidade de Monte Quemado, torna-se uma tortura. Parece que esqueceram desta
região. Muito buraco na pista e alguns lugares é melhor ir pela lateral da
pista onde tem muitas pedras do que pela estrada. Velocidade muito reduzida
para não cair em um buraco e cortar pneus. Depois volta a ser boa a rodovia e
paramos para passar a noite no mesmo posto YPF da ida por coincidência na
cidade de Presidente Roque Sáenz Peña. No dia seguinte, reabastecemos o “Bisão”
com o Diesel Infimia S10 e tocamos pela mesma rodovia até a cidade de
Corrientes e ali entramos na RN12. Seguimos com muito calor e paramos para
almoçar na cidade de Empedrado as margens do Rio Paraná. Encontramos algumas
árvores com sobra muito boa para amenizar o nosso calor e é claro que neste
momento o nosso gerador entrou em ação para ligarmos o nosso ar condicionado.
Almoçamos tranquilamente e descansamos por uma hora e depois voltamos para a RN
12 até o entroncamento com a RN 123 e dali seguimos até a RN14 e depois de
poucos quilômetros entramos na RN117 a fronteira de Paso de Los Libre e assim
que cruzamos a ponte internacional pegamos a BR 290 em Uruguaiana e logo que
saímos da cidade paramos no Posto Ipiranga para passar a noite.
Em nossa terra Brasil, entramos a BR 290 que corta todo o Rio Grande
do Sul de Leste ao Oeste até a cidade de Uruguaiana, e seu estado em alguns
trechos com muito buracos e também com afundamento devido ao peso dos
caminhões, ou construção não adequada, o que torna a rodovia muito perigosa
principalmente com chuvas. Esta é uma importante rodovia tanto de escoamento da
produção, como também, pelo turismo de países principalmente da Argentina e
Chile que vem visitar as nossas praias nos meses de férias. Dormimos uma noite
no Posto Laranjal e depois entramos na BR 101 Freeway até a nossa casa em
Bombinhas(SC). Em casa o jardim estava com a grama muito alta. Uma pessoa vinha
limpar, mas desistiu..., mas essa atividade não é problema pois gosto muito de
fazer.
A chegada em casa, com muita alegria em termos conseguido realizar
este nosso sonho e também, por ter corrido tudo muito bem com o nosso “Bisão” e
com a casa Santo Inácio.
O que vivenciamos nestes últimos 10 meses vai ficar para sempre em
nossas memórias. O aprendizado fantástico e também poder ver os animais em seu
ambiente natural. Isto é claro tem seus riscos, e na verdade levamos alguns
sustos, mas a satisfação em olhar os animais e ver em seus olhos a sua
curiosidade por nós seres estranhos ao ambiente e também sentir a diferença
entre estar no zoológico e na natureza. A expressão do olhar é completamente
diferente. Não sei se estou exagerando, mas os olhos dos animais em zoológico
me parecem muito triste, pouco expressivo. Enfim, são minhas estas percepções e
posso estar completamente sugestionado. Importante, também a beleza e
organização dos Parques Nacionais que visitamos, sendo os principais dos EUA e
Canadá. A maior cidade que visitamos e que me impressionou muito foi Vancouver.
Impressionou no sentido de ter muitos parques, banheiros na praia, ciclovias
por toda cidade, a educação do povo e a preocupação de fazer uma cidade para
pessoas e que tenham qualidade de vida. O Alaska(EUA), território de Yukon,
British Columbia e Alberta no Canadá são lugares que voltaria a visitar. A
sensação de segurança é fantástica e absurda.
Com certeza hoje somos pessoas bem diferentes de quando saímos daqui
de casa. Podemos dizer que conhecemos um pouco das nossas Américas, sendo de Ushuaia
(Extremo sul) a Prudhoe Bay (Extremo Norte) e podemos dizer também que temos
muitas coisas em comum e também grandes diferenças de estruturas básicas, como:
Educação, Saúde, Transporte, Rodovias, Ferrovias e Segurança Pública. As
estruturas nos Parques Nacionais é de dar inveja, com camping, loja do parque, cinema
(com filmes educativos sobre sua história), banheiros limpos, e alguns com
restaurantes. O nosso país com as belezas que tem, porque não explorar isso?
Isso faz parte da educação e da preservação da nossa natureza.
Enfim, a alegria é contagiante e voltaremos a sonhar, realizar e
compartilhar com as pessoas que para nós são muito especiais.
Deixamos a todos, nosso grande abraço e carinho por ter nos
acompanhados, e vivenciado conosco a realização de nosso sonho, e também pelas
mensagens de incentivo, encorajamento e apoio.
Queremos agradecer a toda Equipe da Santo Inácio Motor Homes por ter nos
apoiados desde o início da fabricação do nosso Motor Homes, e também ficando a
disposição para qualquer eventualidade que poderia ter acontecido conosco.
Felizmente tudo foi maravilhoso.
Dados da Expedição:
Quilometragem percorrida: 50.041 km;
Consumo de Diesel: 5.883 litros;
Consumo Médio: 8,5 km por litro;
Tempo da expedição: 10 meses= 300 dias;
Utilização de hotel: Em Cartagena, Cidade de Panamá e Vera Cruz no
México(em função do transbordo via Roll on Roll Off - dentro do navio);
Utilização de Camping: 47 dias principalmente dentro de Parques
Nacionais.
Pneus: Continental (Conti Hybrid LA3 215/75/17,5)Nenhum furado;
Manutenção: Troca de óleo e filtros e pastilha de freios.
Grande abraço a todos que nos acompanharam, estamos sempre a
disposição para compartilhar as nossas experiências e até a próxima EXPEDIÇÃO.
Acidente entre Chimbote e Tacna no Peru |
Arica a San Pedro de Atacama - Chile |
Arica a San Pedro de Atacama - Chile |
Arica a San Pedro de Atacama - Chile |
Arica a San Pedro de Atacama - Chile |
Chimbote - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Chimbote a Tacna - Peru |
Empedrado - Argentina |
San Pedro de Atacama até Paso Jama - Chile |
San Pedro de Atacama até Paso Jama - Chile |
San Pedro de Atacama até Paso Jama - Chile |
Tacna Fronteira- Peru |
San Pedro de Atacama até Paso Jama - Chile |
Uruguaiana - Brasil |
Uruguaiana - Brasil |