63 – Diário dos dias 24/06 a 15/08/2021
Esperamos mais um dia e como ainda
estava dando trovoada nas montanhas, resolvemos seguir em direção a Monterrey
pela Mex.85. A cidade é muito interessante, moderna e com muitas construções.
Infelizmente não deu para subir ao Parque Nacional Cumbres de Monterrey pelo lado
da cidade de Santa Catarina, pois o rio do mesmo nome estava muito alto. Assim,
resolvemos seguir para a cidade de Saltillo, capital do Estado de Coahuila,
pela rodovia Mex.40 livre. Subimos até 1.600 msnm e apesar de ser rodovia sem
pedágio era de pista dupla e muito boa. A cidade tem muitos parques e seguimos
para a parte norte e ficamos no Parque Urbano e próximo também do Parque
Maravilla onde tem o Museo do Desierto.
Foram 5 dias maravilhosos em que deu
tempo para as caminhadas diárias em volta do parque. O lugar muito tranquilo e
o povo muito atencioso. As avenidas muito largas e bastante viadutos em toda a
cidade. Muito fácil a locomoção. Tentamos nos vacinar para facilitar os
tramites na fronteira, mas infelizmente não conseguimos por problemas
burocráticos. Tinha quer ter um número de documento mexicano e nós turistas só
tínhamos o passaporte e o visto de permanência. Informaram que não dava para
preencher o documento que nos habilitava para tomar a vacina. Quanto a esse
quesito, vamos ver se conseguimos resolver na fronteira ou após o ingresso nos
EUA.
Assim, no dia 30/06 após fazermos as
compras, reabasteci o “Bison” de água, seguimos pela via periférica e entramos
na Mex.40 Libre até a cidade de Torreón, sendo esta a última cidade do Estado
de Coahuila. Circulamos pela cidade até o periférico e entramos na Mex.49 libre
passando pela cidade de Bermejillo e seguimos nela até a pequena cidade de
Ceballos, onde resolvemos estacionar na praça e passarmos a noite. No dia
seguinte ia ter uma grande festa religiosa na cidade.
Foi uma noite muito tranquila na praça e acordamos não muito cedo e depois das nossas rotinas cumpridas, voltamos para estrada pela mesma Mex.49 Libre. Depois de alguns quilômetros tinha um desvio, pois estavam trabalhando na pista. Vimos os carros vindo todos enlameados e ficamos preocupados. Chegando no desvio, olhamos a lama e resolvemos voltar um pedaço em entramos na rodovia Mex.49 Cuota. Logo depois que chegamos ao pedágio, resolvemos parar e fazer o nosso almoço. Quando estávamos almoçando despencou um temporal que inundou alguns lugares. Depois que tudo acalmou, resolvemos tocar até a cidade de Jiménez. Ao chegarmos na cidade, estava completamente alagada. Aguardamos um pouco até baixar as águas e seguimos em direção ao Balneário de água termal Ojo de Dolores. O lugar muito tranquilo e água em torno de 30ºC que brotava constantemente. O preço para acampar no local e passar a noite, consideramos muito alto, pois não oferece nenhum serviço, somente estacionamento. Assim, voltamos uns quilômetros até a Hacienda Ojo de Dolores, pequeno povoado, e estacionamos na frente da igreja e da praça. Logo, fui conversar com os moradores e falaram que não tinha problema em passar a noite no local.
De manhã, voltamos ao balneário e passamos um dia agradável, conversamos com um casal que se ofereceram para nos ajudar no que precisássemos. Isto tem acontecido em quase toda região do Mexico, principalmente nesta parte norte e nordeste. Já anoitecendo, voltamos para a cidade de Jiménez e paramos para passar a noite no estacionamento do Supermercado Soriana e como sempre, pedimos autorização.
No dia 03/07, seguimos pela mesma
rodovia Mex.45 libre em direção a cidade Hidalgo de Parral, mais conhecida por
Parral. Ao chegarmos na encantadora Parral, paramos no pórtico na entrada da
cidade, onde tem bastante área para estacionar e algumas sombras. O lugar é
muito interessante, pois tem vários parquinhos para crianças, bancos para
sentar e no pórtico em a silhueta de dois rostos e escada para subir até o
ponto mais alto. Fizemos o nosso almoço no local, e mais tarde fomos para o
centro histórico.
Parral ficou muito famosa pelo o assassinato de Francisco Villa, vulgo “Pancho Villa”. No local onde foi assassinado em uma emboscada tem um busto dele sentando com o chapéu na mão. As pessoas vêm visitar o museu ao lado, que conta toda a sua história e também para tirar fotos do busto e passa a mão nele, pedindo a benção e fazem orações. Neste momento vou abrir um parêntese sobre Pancho Villa e fazer um breve comentário sobre a sua controversa história: “Nasceu em 1878 e morreu em 1923. Antes de se tornar um herói nacional, na sua juventude foi bandido. Mais tarde se tornou um líder muito carismático da Revolução Mexicana e tornou-se muito influente na campanha para derrotar e depor o Presidente Porfírio Díaz. Tinha uma capacidade de montar estratégias e de liderança que inspirou grande lealdade ao Exército Mexicano da Divisão do Norte. E com isso tornou-se um herói do povo, especialmente da região de Chihuahua, onde ficava seu quartel. Lutou na sangrenta guerra contra os EUA em que o México perdeu e também parte grande de seu território. Os EUA tentaram de todas as formas capturar Pancho Villa, mas sem sucesso. Com a posse do novo Presidente Álvaro Obregón, forçou uma negociação para a sua retirada das lutas internas do México. Assim, negociou a sua retirada para fazenda Canutillo, que estava abandonada, juntamente com 50 homens de seu exército. Pancho Queria 500 homens. Desta fazenda abandonada tornou ela produtiva e com várias modificações, construções de ferramentas e também escola para seus soldados e familiares apreenderem a ler e escrever. Uma pessoa muito querida pelo povo, mas fez muitos inimigos poderosos. Foi assassinado em uma emboscada em Parral e no seu funeral tinha mais de 30 mil pessoas. É uma história muito longa de uma pessoa que foi útil para o SISTEMA e depois foi descartado por poderosos em função de prejudicar vários interesses e também de ser uma grande ameaça”.
A noite voltou a chover e o famoso Rio
Seco que é feito de passeio e estacionamento, voltou a correr água. Depois de 2
anos sem chover, trouxe alegria e esperança para o homem do campo e cidade. O
povo muito simpático, educados, vinham conversar conosco e perguntavam sempre
se precisávamos de alguma coisa, se estávamos tendo algum problema. Enfim,
sempre agradecíamos, mas felizmente estamos muito bem e temos muito autonomia
com a nossa casa. A receptividade muito acima do esperado, lugares muito
tranquilos e assim no dia 05/07 seguimos pela rodovia Mex.24 libre, até ao
encontro com a Mex.16 Cuota e entramos nela a esquerda com destino a Ciudad de
Cuauhtémoc. Passamos por diversos povoados onde tem uma concentração muito
grande de fazendeiros Menonitas e suas construções semelhantes aos países
baixos de onde vieram para o México. Essa região está desenvolvida graças ao
trabalho e dedicação desse povo. Ao chegar em Cuahtémoc nos dirigimos para o
Supermercado Walmart para estacionar e passar a noite.
A noite foi com temperatura muito agradável e tranquila. Depois fomos as compras e seguimos pela mesma rodovia Mex.16 libre por 11 kms e entramos a direita na cidade de General Trías passando ser pista simples. Este caminho passamos por várias fazendas, com plantações bem verdes, em função das chuvas, e por pequenas cidades até a cidade de La Junta, onde paramos no Posto Pemex para reabastecer de diesel o Bison, a casa de água e fazermos o nosso almoço. Logo após o almoço e com as coisas ajeitadas entramos a esquerda na rodovia estadual CHI.23 libre. Continuamos vendo belas paisagens e campos de altitude a mais de 2.400 msnm, com variedades de plantações e no horizonte as montanhas.
Nessas paisagens os trilhos de trem passam a ser nossa companhia. Eles vêm desde a cidade de Chihuahua e vão até o Oceano Pacifico na cidade de Los Mochis. Vamos abrir um parêntese para comentar alguns detalhes:(uma das maiores estradas de ferro do mundo, levou quase um século para ser construída. São 86 tuneis, 37 pontes e levam 13 horas para atravessar os 670 kms de viagens. O trecho mais bonito vai de Creel até a cidade de El Fuerte, onde desce mais de 2.000 metros de altitude). Eles vão nos acompanhando passando pela cidade de San Juanito, Bocoyna e a famosa Creel. Em Creel, seguimos por 7 km até ao Lago Arareko e estacionamos para passar a noite. Vamos ficar circulando por alguns dias e aproveitar para conhecer os pontos interessantes desta região que tanto sonhamos em conhecer. Este lugar, nós queríamos vir quando estávamos na cidade de Hermosillo, mas fomos desaconselhados por militares e motoristas de caminhões, pelo risco de sermos abordados por quadrilhas que brigam por território nas montanhas. Então, não resolvemos arriscar e agora vindo por outro lado das montanhas, vamos visitar esses lugares muito famosos em torno do Parque Natural Barranca del Cobre. O Cânon Barranca del Cobre é considerado muito maior que o Grand Canyon nos EUA, mas muito pouco conhecido pelos turistas estrangeiros, devido à falta de divulgação do Governo. Os que vem, em sua maioria, utilizam o trem Chepe que faz a travessia das montanhas para turistas. Mas é possível fazer de carro, mas muito arriscado como já falei. Nessas montanhas vivem os Índios Rarámuri e denominados pelos espanhóis como Tarahumara. Eles não gostam do nome dado pelos espanhóis, pois a mais de 400 anos vieram para essas montanhas para não serem subjugados pelos espanhóis. Por isso não gostam muito do nome dado por eles. Preferem que chamam de povo Rarámuri que são famosos por serem bons corredores de longa distância. Vivem da agricultura, pecuária e artesanatos. Mantém principalmente as mulheres os trajes típicos até hoje.
Depois de uns dias no Lago Arareko e
conhecer a cidade de Creel, rumamos para o Parque Barranca del Cobre e lá,
conversamos com o gerente, pedimos autorização para dormir dentro do parque.
Estacionamos na antiga pista de pouso bem próximo dos penhascos. Foram dias
maravilhosos, com muito silencio e tranquilo. As vistas são maravilhosas, tem
muitas trilhas inclusive para bikes, tirolesa muito rápida e também o
teleférico. Adoramos o lugar e pretendemos voltar.
Voltamos para a cidade de Creel e
passamos mais uma noite em volta da praça e depois seguimos pelo mesmo caminho
para a Ciudad de Cuauhtémoc e dormimos no estacionamento do Walmart. De manhã,
voltamos pela mesma Mex.16 libre até a cidade de Chihuahua. Quando estávamos
cruzando a cidade encontramos o mexicano Miguel com um motorhome e nos fez
sinal e paramos para conversar. Ele constrói ambulâncias e também motorhomes.
Foi muito atencioso conosco, nos deixou contato para o que for preciso.
Seguimos mais uns 25 km e chegamos na cidade de Aldama, onde fizemos o nosso
almoço. Depois reabastecemos o Bison e diesel, gasolina para o gerador e água
para casa, seguimos pela mesma Mex.16 libre, passando por uma região deserta e
com muitas montanhas até a fronteira na cidade de Ojinaga. Nesta cidade, vamos
passar a noite e amanhã vamos renovar o nosso visto no México. Passamos a noite
no estacionamento das Lojas Coopel, conversamos com o gerente e ele disse que
pretende visitar a sua filha nos EUA depois que tomar a segunda dose da vacina.
Acordamos num calor danado e tomamos o
nosso café e seguimos em direção a ponte com intenção de cruzar a fronteira.
Mas na metade dela tinha um retém dos EUA que fazem uma checagem antes da
migração. Nos atenderam muito bem, foram muito educados e até falaram com o
chefe pelo fone para nos deixar entrar, mas não foi possível. Assim, retornamos
à migração mexicana que também nos atenderam muito bem e renovamos o nosso
visto para mais 6 meses. Logo, começamos o nosso retorno, desta vez por uma
rodovia diferente, a Mex.87 por 45 km e depois entramos a direita na Mex. 80 D
Cuota até o cruzamento da Mex.16 libre. Fizemos isso para não voltar pelo mesmo
caminho. Neste entroncamento, entramos a esquerda até a cidade de Chihuahua.
Dali continuamos pela Mex.16 até a Ciudad Cuauhtémoc onde dormimos a noite no
Supermercado Walmart. Nesta cidade ficamos por 3 dias, visitando o centro.
Comemoramos o aniversário da Valquiria com pizza e vinho. Foi muito bacana.
No dia 18/07 seguimos pela mesma
Mex.16 libre até a cidade de La Junta onde paramos para fazer o nosso almoço, e
reabastecer de água e aproveitar para lavar roupa. Depois do almoço seguimos
pela CHIH.23 até a cidade de Creel e mais 8 km e fomos estacionar a beira do
Lago Arareko. Aqui vamos passar alguns dias aproveitando o clima muito gostoso
das montanhas e o cheiro dos pinheiros que estão no redor do lago. Já estivemos
neste local e por isso resolvemos voltar.
Depois de alguns dias, seguimos
novamente para o Parque Barrancas del Cobre ou Cañón del Cobre, distante 48 km
da cidade de Creel (Pueblo Mágico). A
estrada é bastante sinuosa, mas muito boa. Aqui vamos também ficar alguns dias,
fazendo as trilhas do parque e aproveitando o clima das montanhas e a bela
vista dos cañóns. Estacionamos no final da antiga pista de pouso dos aviões e
de fronte para o abismo, e também para uma das trilhas. Levamos um susto, pois
teve um dia que um pequeno avião tentou posar, mas viu muito carros estacionado
e arremeteu. Uns dias depois veio nos visitar o Sergio, que administra a parte
do parque e todas as atrações, restaurante, tirolesa, teleférico e área de
artesanias. Nos colocou à disposição para o que precisássemos e neste momento. Precisamos
somente da internet para publicar uma parte dos nossos diários, vídeos, fotos e
que prontamente nos auxiliou. Comentamos sobre o avião e ele disse que entraram
em contato pelo rádio e informaram que a pista no momento está inabilitada.
Ficamos no parque por 10 dias e quando acabou a nossa água purificada, pois
aqui no México, como já comentei não tem água mineral, somente purificada,
voltamos para a cidade de Creel no dia 01/08/2021 para reabastecimento de água.
Ficamos um dia na cidade e dormimos
novamente no estacionamento da praça central, próximo aos trilhos do trem. A
noite passa o trem comercial que faz um barulho tremendo, mas o lugar é seguro.
No outro dia seguimos novamente para o
Lago Arareko, permanecendo por vários dias, e voltando para a cidade somente
para fazer compras. Fizemos várias trilhas dentro do parque e a mais longa foi
até ao belíssimo Valle de Monges, distante ida e volta 13.4 km. Todos os dias pela
manhã caminhamos pelas trilhas do parque, no meio dos pinheiros e podemos
observar vários pássaros, esquilos e coyotes. O ar puro das montanhas e é muito
agradável. Praticamente todos os dias chove no final da tarde ou a noite. O
clima é muito agradável, em torno de 26ºC de dia e a noite cai para uns 14ºC.
Muito bom para descansar.
Foram dias maravilhosos em que pudemos desfrutar da bela natureza da Sierra Tarahumara e amanhã dia 16/08/2021, seguiremos para a Cascada de Basaseachic, pertencente a mesma serra, mas contarei no nosso próximo post. Continue com a Gente!!!